O Pior Vizinho do Mundo (2023)

Esse Eu Vi
2 min readOct 23, 2023

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| Mesmo com tema sensível e elenco eficaz o resultado é morno |

O Pior Vizinho do Mundo conta a história de Otto Anderson (Tom Hanks), um viúvo mal-humorado cuja única alegria vem de criticar, organizar e julgar seus vizinhos, até que uma família jovem e animada se muda para a casa ao lado e ele se aproxima da esperta e grávida Marisol, levando a uma amizade inesperada que vai mudar o triste rumo da sua vida. A dramédia é uma adaptação do best-seller sueco Um Homem Chamado Ove que já foi adaptado para o cinema em 2015 num filme homônimo e que chegou a ser indicado a dois Oscar (Melhor Filme Internacional e Melhor Maquiagem e Penteados).

O diretor Marc Forster tem em seu currículo dramas bem consolidados que geralmente fazem sucesso com o público. Ele tem a sensibilidade para filmar bons momentos afetivos e amarrar narrativas que muitas vezes não tem algo de muito especial, mas que ele consegue tornar especial. Porém em O Pior Vizinho do Mundo o diretor parecia sem inspiração para criar momentos e filmou com uma segurança que não deu qualquer identidade a uma história que faz bom uso de assuntos frágeis e delicados.

O filme trabalha bem as cenas de comédia, as cenas de romance e também as cenas de drama, mas como ele não decide em qual dos gêneros quer construir sua base tudo parece limitado e morno, mesmo tendo como pano de fundo temas como suicídio, luto e solidão. O roteiro consegue segurar a atenção do espectador ao entregar de forma gradativa e sutil as motivações do protagonista e detalhes do seu passado.

Os maiores responsáveis pelo filme funcionar são os nomes do elenco. Tom Hanks já vem vivendo sua fase “senhorzinho simpático” (apesar de ranzinza) há pelo menos uns 5 anos, e é mais um papel que ele consegue tirar de letra. O veterano consegue desenvolver uma boa parceria com a radiante atriz mexicana Mariana Treviño nos momentos cruciais do filme, ela é, na verdade, o espírito do filme. Entre os nomes do elenco de apoio está Truman Hanks, filho caçula de Tom, que entregou uma atuação tímida e contida.

O drama tinha potencial para tentar seu uma isca de premiações se apelasse mais para o melodrama obscuro, mas preferiu se ater a suavidade e a simplicidade do roteiro. É possível que o emotivo final deixe uma boa lembrança na memória recente do filme, mas a longo prazo a ausência de grandes instantes faz com que ele não imprima qualquer marca, nem boa nem ruim no espectador.

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Written by Esse Eu Vi

Ávila Oliveira - Crítico de cinema desde 2012

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