O Homem do Norte (2022)

Esse Eu Vi
2 min readMay 16, 2022

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Vingança pra lá de shakespeariana sob a mão pesada de Robert Eggers

“O Príncipe Amleth está prestes a se tornar um homem quando seu tio assassina seu pai e sequestra sua mãe. Duas décadas depois, o jovem é agora um viking com a missão de salvar a mãe, matar o tio e vingar seu pai.”

É incrível ver o tanto que o talento de um diretor consegue somar a um roteiro sem muita novidade. O roteiro está longe de ser ruim ou pelo menos mediano, mas para quem já devorou inúmeras séries sobre os vikings e, somado a isso, para quem já leu algumas das principais peças de Shakespeare, pode acha que já viu muito daquilo algumas outras vezes, inclusive as reviravoltas. E talvez já tenha mesmo, mas, não tira o frescor que O Homem do Norte traz na maneira que conta essa(s) história(s). Além do mais, é perceptível o estudo e a valorização dos detalhes da produção na construção e na imersão daquele universo.

Esse inclusive é o filme mais “acessível” do diretor justamente pela universalidade do enredo e pela facilidade que ele tem em contar a história (apesar dos inúmeros elementos desconhecidos para quem nunca teve qualquer contato com o contexto em que o roteiro está inserido). O filme todo é muito bem amarrado, fluído, com uma montagem precisa e sem excessos, e é um filme pesado, denso e carregado de paixão.

O primeiro ato é o lugar comum do filme, na introdução dos personagens e da situação o filme entrega bons momentos, mas sem ousar muito, é a partir do segundo ato, onde o filme abraça seu lado fantasia que ele se distingue e se impõe com opulência até seus segundos finais. Opulência e imponências essas que o elenco agarrou e vestiu com orgulho. Alexander Skarsgård não poupou esforços físicos e mentais para esculpir o protagonista que carrega nos ombros todos os grandes momentos do filme. Nicole Kidman surpreende e tem uma grande cena que mostra porque ainda é um dos maiores nomes do cinema internacional.

O barulho forte dos gritos, dos cantos, do ferro e o escuro da lama, do sangue e das noites dão o tom do longa, e o resultado é um filme marcante, um filme que não passa despercebido entre outros do gênero.

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Written by Esse Eu Vi

Ávila Oliveira - Crítico de cinema desde 2012

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