John Wick 4: Baba Yaga (2023)
Eu pedi uma refeição e Chad Stahelski me serviu um banquete
Com o preço por sua cabeça cada vez maior, o lendário assassino de aluguel John Wick leva sua luta contra o High Table (a Alta Cúpula) global enquanto procura os jogadores mais poderosos do submundo, de Nova York a Paris, do Japão a Berlim.
Começando pelo óbvio, mas que precisa ser dito: Não se engane, o roteiro não vai trazer nada de novo além de uma exata continuação da franquia onde o terceiro filme parou, é John Wick fugindo e a Cúpula tentando matá-lo; Novos inimigos e velhos aliados que viram novos aliados e velhos inimigos, é o mesmo alicerce dos anteriores. Porém é na execução que o filme se valida e se prova importante e ousado, e é nela que devemos focar e dar os louros do filme.
São quase 3 horas de duração que passam rapidamente dado o ritmo e a boa distribuição de momentos. O longa não perde tempo com falas desnecessárias, com personagens desnecessários e com piadocas em excesso tentando dar um alívio cômico barato — elas existem, mas são pontuais e aplicadas exatamente onde o filme precisa de um respiro. E se você estiver a procura de uma mensagem mais motivacional no roteiro, algo sobre honra, respeito etc. é possível ainda que consiga sair satisfeito. Mas é no braço mesmo que John Wick 4 se garante.
A produção não se poupa, tem de tudo e John Wick faz de tudo um pouco, ele monta a cavalo, ele dirige, ele pilota, ele atira, ele é atropelado por uns 50 carros, ele cai de janelas, e sabe de uma coisa? Nada parece fora do lugar ou forçado, tudo contribui para elevar o nível do filme e faz sentido dentro do universo do roteiro. Tem planos sequência, tem montagens frenéticas. Tem tiro, tem fogo, tem espada, tem cachorro voando sobre carros, tem as cores neons de Tóquio e os tons frios das madrugadas de Paris. E o melhor de tudo isso é que eu poderia listar por mais alguns parágrafos de itens e recursos usados no filme que não estragaria em nada a experiência visual e auditiva que é esse quarto filme. E que bom que o personagem título não se cansa, porque o público, eu pelo menos, também não.
O trabalho dublês é algo indescritível na construção da ação, na sincronia, na composição e no preenchimento da cena. A produção consegue ser inventiva e sagaz sem deixar de ser um tipo de homenagem ao cinema de ação, a tudo que já foi feito e que nutriu o diretor até a execução de seu novo filme. É elegante, é estiloso, é polido e é preciso, adjetivos que muitos diretores e grandes estúdios vêm tentando desesperadamente alcançar nos últimos anos.