In Natura (2014)
Crise de identidade ao som a “Forever Young” na natureza para mim é infalível
“Martin (Ole Giæver) viaja para a montanha para passar o fim de semana. No contato com a natureza, ele passa a refletir sobre seus sentimentos, sensações, desejos, sobre o que é essencial à existência humana. Ele começa a fantasiar sobre o que é a vida.”
Eu que já gosto de uma história onde pessoas se distanciam do urbanismo e vão para a natureza como parte de um processo de autodescoberta, consegui sentir cada segundo do filme (até porque me identifiquei com vários dos pensamentos em cena, mais do que gostaria de assumir). E em mim ele ressoou mais do que outros filmes mais conhecidos e semelhantes no tocante ao enredo, como Na Natureza Selvagem (2007) e Livre (2014), e isso sem dúvida se dá por Ole Giæver estar envolvido com a direção e o roteiro do filme.
A crise de identidade ao som de “Forever Young” no meio da natureza se molda a cada pensamento do protagonista. O filme é quase todo narrado em voice over, que, somado à câmera frenética nos colocam bem no meio do turbilhão de questões. A inquietude moderna de não se sentir parte de um todo ou de não sentir que sua vida segue uma organicidade são contemplados com uma precisão assustadora de palavras. É um filme sobre solidão, sobre como algumas pessoas simplesmente não se sentem completas e não sabem exatamente o que falta.
O fato do Ole Giæver ser o protagonista, diretor e roteirista do filme já deixa claro o quão íntimo e honesto o projeto é. Ele não tem a menor vergonha de se despir e se mostrar pro espectador. Não necessariamente tudo o que vemos em cena reflete os pensamentos reais do artista, mas só alguém com tanta verdade (ou dúvidas) em si conseguiria transparecer tanto em cena, nas palavras, nas imagens e nos sons.
Enquanto eu escrevia esse texto eu me perdi em pensamentos e se foram quase 3 parágrafos de análises sociológicas rasas e pessoais sobre as temáticas do filme e sobre o peso de vários desses momentos na minha pessoa, mas diferente do Oleg não quero me expor tanto. Fica aqui apenas a dica à reflexão sobre tanto de situações que nos colocamos por obrigações da vida enquanto em nosso âmago, nosso “instinto natural” nos chama a fazer exatamente o oposto, ou apenas correr pra natureza onde a gente possa chorar em paz.