Babygirl (2024)
Nicole Kidman é ponto alto de (mais um) thriller erótico que luta para se levar a sério
Em Babygirl, uma executiva bem-sucedida coloca sua família e carreira em risco em nome de um caso com seu estagiário bem mais jovem. No thriller erótico de Halina Reijn, Romy (Nicole Kidman) é uma empresária que conquistou seu posto alto com muita dedicação. Isso também se aplica a sua família e o casamento com Jacob (Antonio Banderas). Tudo o que construiu é posto à prova quando ela embarca em um caso tórrido e proibido com seu estagiário Samuel (Harris Dickinson), que é muito mais jovem. A partir daí ela anda corda bamba de suas responsabilidades e, também, nas dinâmicas de poder que envolvem suas relações.
A diretora Halina Reijn consegue imprimir em seu longa-metragem um estilo de romances eróticos bem consolidado na década de 90 e no início dos anos 2000. É estruturado com uma filmagem elegante, em cima de um roteiro cheio de analogias básicas escancaradas em contrapartida ao erotismo velado e quase pudico demais. O texto, também da diretora, consegue se levar a sério à medida que vai se apresentando, mas desde o início vai esbarrando em situações e motivações tão artificiais que chega a tocar o tom cafona presente em telefilmes eróticos B e em comédias românticas açucaradas de protagonismo branco.
Parte do amadurecimento a longo prazo do filme é graças ao elenco disposto a dar verdade ao argumento. Nicole Kidman conduz com maestria sua personagem que parece ter sido retirada de um livro cinquantatonsdecinzíco e que tem lá suas complexidades dentro daquele contexto. Mas é o charmoso Harris Dickinson que é o centro gravitacional e faz todo o restante convergir para seu cinismo encantador.
Realmente não sei se é uma questão de gênero (eu em relação a história) ou se é uma questão do resultado mesmo, mas embora sim o filme seja envolvente e consiga entregar ótimas sequências “ousadas” para o padrão estadunidense comercial de cinema, eu não consegui para de me questionar o quanto a trama é boba e artificial quando se olha bem de perto. É bom enquanto filme, é melhor ainda enquanto passatempo, mas não sei se chega a ser algo tão profundo como acha que é.