Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (2021)
Quanto mais Zack Snyder melhor… mas nem tanto num filme só.
O enredo é bem simples: uma agressiva infecção zumbi assolou a cidade de Las Vegas, porém depois de uma grande missão militar e paramilitar, conseguiram cercar com containers isolar todos os contaminados dentro do perímetro da cidade. Depois de uma grande discussão, o governo decidiu lançar uma bomba nuclear (Las Vegas fica no meio do deserto de Mojave então tecnicamente estaria tudo bem) para exterminar de vez a situação, depois que evacuasse todo o arredor. Eis que um tipo de “rei do crime” recruta uma equipe de mercenários para retirar milhões de dólares do cofre de um hotel-cassino antes que soltem a bomba e tudo seja perdido.
O primeiro ato do filme não apresenta muita ação (tirando a sequência de abertura, mas falo dela depois), e foca em explicar a situação, apresentar personagens e motivações. Normal, o problema é que levantou as expectativas para o restante do filme, afinal, é um filme ação do Zack Snyder com mais de duas horas. E tem ação, tem muita e bastante variada. Mas não o suficiente pra sustentar, junto com o enredo objetivo, as mais de duas horas de filme.
No decorrer do filme o espectador vai perceber que não apenas simples zumbis na cidade. O Snyder criou meio que uma mitologia para inserir clãs de zumbis, animais zumbis, zumbis ciborgues (?), zumbis grávidas, etc. E é incrível ver como o diretor (e roteirista) funciona quando o estúdio não coloca nenhuma amarra na sua criatividade. É bom ver o Snyder de volta e sem qualquer pudor. Mas esse excesso deixa algumas pontas solta em relação a explicação daquilo tudo, afinal, se nunca existir uma continuação, o público nunca vai saber a origem de várias coisas que apareceram ali?
A sequência de abertura foi sem dúvidas o ponto mais alto do filme pra mim. Ela mostra como foi acontecendo a destruição de Las Vegas tanto pela parte dos zumbis quanto pela parte do governo na tentativa de conter o problema. (E esse foi outro motivo de elevar a expectativa para o restante do filme). Mas Snyder faz algo parecido com o que fez em Watchmen (2009) no sentido de mostrar em flashes como tudo aconteceu para o filme começar onde começa. Não dá pra não lembrar também da abertura de Zumbilândia (2009) — enfim, teve uma sequência de abertura bem editada, conseguiu minha atenção.
Continuando na abertura, pude perceber nas letras garrafais que o próprio Snyder assinou o trabalho de direção de fotografia. Muita gente acha exagero os filtros pesados e o excesso de slow motion que o diretor usou em quase toda sua filmografia até aqui, para mim, elas são as impressões digitais dos seus filmes — e algumas vezes até escondiam um roteiro morno — mas dessa vez ele se poupou dos excessos até por ser seu primeiro trabalho diretamente como diretor de fotografia, porém fez falta pra dar aquela maquiada onde precisou.
Eu realmente gostei da aventura e consegui me envolver (em parte para ver até onde tudo aquilo ia dar embora no fundo já desconfiasse), e vejo muito potencial para algumas derivações no futuro, se assim for o caso, mas não sei se sentarei por mais de duas horas para assistir de novo tão cedo. Faltou um recorte mais preciso no roteiro, mais foco em uma situação, talvez menos personagens e histórias paralelas, talvez mais ação exagerada, ou talvez até mesmo um filme mais curto.